A jovem prefeita Brigitte foi morta neste domingo aos 27 anos, junto do secretário de Comunicação do município (Ecuavisa)

Brigitte García, prefeita de San Vicente, foi executada a tiros. Para Luisa González, presidente do partido Revolução Cidadã (RC), “ninguém está a salvo enquanto o governo de direita não resolve os problemas de segurança do país”

LEONARDO WEXELL SEVERO – Hora do Povo

Brigitte García, prefeita de San Vicente, na província (Estado) de Manabi, no Equador, foi executada a tiros na madrugada deste domingo (24) ao lado do secretário de Comunicação do município, Jairo Loor, também morto a tiros. Enfermeira, militante do movimento Revolução Cidadã (RC), de Luisa González e do ex-presidente Rafael Correa (2007-2017), tinha 27 anos e era a prefeita mais jovem do país.

De acordo com a família, ela se encontrava desaparecida desde o meio-dia de sábado (23) e foi encontrada morta dentro de um carro com todos os seus pertences, evidenciando o caráter político do crime. Brigitte vinha se empenhando em garantir investimentos para a construção de uma rede de água e esgoto e combatendo a política neoliberal do governo. Desde os 15 anos trabalhava para uma fundação responsável por fornecer medicamentos, suprimentos e tratamentos para pacientes carentes.

O assassinato se dá em meio ao fracassado “Estado de exceção” do presidente Daniel Noboa, que dentro do seu mandato tampão de um ano e meio, busca em um processo de consulta popular no próximo dia 21 de abril aprovar uma série de atropelos à democracia e aos direitos sociais e trabalhistas.

Entre os retrocessos propostos por Daniel – filho do bilionário Álvaro Noboa – está colocar as Forças Armadas nas ruas fazendo papel de polícia, impor toque de recolher e impedir a liberdade de reunião. Além disso, pretende fazer com que a população abra mão da soberania por meio do reconhecimento de “arbitragens internacionais” – facilitando a vida dos cartéis estrangeiros no diminuto mercado interno – e precarizar as relações de trabalho com a “flexibilização”, validando contratos temporários e por hora – com o devido arrocho salarial. Tudo isso numa economia dolarizada, já extremamente dependente.

“Não tenho palavras, estou em estado de choque, ninguém está seguro no Equador. Ninguém, enquanto os governos da direita só vivem de festa e espetáculo e não resolvem os problemas de segurança do país”, reagiu a presidente da RC, Luisa González.

“Estou destroçado. “Não acredito. Meu Deus! Brigitte! Ela era a prefeita mais jovem do país. Chega!”, exclamou o ex-presidente Correa, perseguido político que reside atualmente na Bélgica. “Se é tão difícil para vocês, imagino como devem estar suas famílias… não tenho palavras”, acrescentou.

A execução de Brigitte García ocorreu menos de dois meses depois do assassinato de Diana Carnero, vereadora do município costeiro de Naranjal, na província de Guayas, ocorrido em 7 de fevereiro, e também em pleno estado de emergência. Diana, de 29 anos, também era militante do Revolução Cidadã e foi morta por pistoleiros no meio de uma via pública em Naranjal, município próximo à cidade portuária de Guayaquil. Os homicídios se somam a uma longa lista de autoridades vítimas de assassinos de aluguel nos últimos meses no Equador, incluindo promotores, juízes e políticos como o prefeito de Manta, Agustín Intriago, e o ex-candidato presidencial Fernando Villavicencio.

Os próprios dados oficiais dão a dimensão do descalabro social que se vê mergulhada a nação andina, que fechou 2023 com 45 homicídios intencionais para cada 100 mil habitantes, contra 25 homicídios de 2022, que já havia sido a taxa mais alta da história. E como o descalabro prossegue, crescem as trágicas estimativas para o governo Noboa.

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