Afirma Yuri Castro, do comando nacional do Partido Peru Livre (PL), convocando a militância a ampliar a mobilização em apoio a Pedro Castillo

 

“A realidade desmente a campanha da mídia financista e da oligarquia contra o Peru. Todas as instituições nacionais e internacionais apontam para a continuidade do crescimento, com maior geração de emprego e renda, apesar da pandemia”, afirmou Yuri Castro, líder do comando nacional do partido Peru Livre (PL) e seu secretário de organização em Lima.

Partido do presidente Pedro Castillo, Yuri denunciou que os meios de comunicação no Peru “encontram-se concertados e concentrados por um grupo que conforma uma opinião monocórdica na tentativa de desestabilizar o processo democrático”. “Assim, uma minoria se põe de acordo e todos repetem o mesmo em seus programas dominicais e de ‘análise política’, entre aspas, contra o governo”, condenou o dirigente, alertando para o desserviço que prestam ao país.

Megafone dos especuladores locais, o jornal El Comércio nunca deixou de esconder sua preferência, vociferando em editorial de 6 de fevereiro que “A renúncia é a melhor saída”. Nenhuma palavra sobre os longos anos em que deu sustentação ao desgoverno de assassinatos, torturas e dilapidação do patrimônio público de Fujimori, que se encontra trancafiado, condenado a 25 anos de prisão por crimes de lesa-humanidade. A líder oposicionista Keiko, filha do ditador Alberto Fujimori, foi derrotada nas ruas e urnas à presidência em 2011, 2016 e 2021.

Aberta a campanha pelo retrocesso, foi a vez do diário britânico Financial Times entrar em campo. De sola, como se diz no futebol. “Chegou a hora de os legisladores colocarem o interesse nacional em primeiro lugar e dar aos eleitores outra chance de eleger um líder capaz de resolver os problemas prementes de seu país. O Peru não pode arcar com mais quatro anos e meio de caos governamental”, anunciou o boletim especulativo, numa ingerência mais que indevida.

Na realidade, se contrapôs Yuri, “economicamente o Peru foi declarado como um dos países de maior solidez para fazer investimentos”. “Então, por aí não vejo maiores problemas ou relevância, porque as próprias instituições internacionais os desmentem”, assinalou.

O Peru Livre dará o respaldo que o governo de Pedro Castillo necessita e garantirá a democracia em nosso país, que soberanamente deve ser respeitada”

Conforme Yuri, “recentemente a presidente do Congresso realizou uma conferência de imprensa pedindo que haja uma trégua política de forma que se evite a confrontação, problemas que afetem a governabilidade”. “Da nossa parte, nos mantemos atentos e mobilizados para ver até quando dura esta trégua da direita, que já está começando a baixar o tom em relação à vacância de governo e à dissolução do Congresso. Isso tem sido a pauta da mídia nos últimos dias e temos de ver como se comportam. Nós vamos dar o respaldo que o governo de Pedro Castillo necessita e garantir a democracia em nosso país, que soberanamente deve ser respeitada”, sublinhou.

Para o dirigente do Peru Livro, o tema da mídia necessita de maior atenção, devendo haver maior amplitude de frequências para romper o monopólio atualmente existente e possibilitar o acesso da população à informação. “Creio que o governo deve garantir sinal aberto a cada um dos canais que queiram, mesmo os que não disponham dos recursos de que têm os grandes meios. Com esta possibilidade terão realmente acesso à democracia, a que cada espectador passe a contar com condições de dispor do canal que queira, literalmente”, ponderou.

 

O desastre ambiental provocado pela multinacional Repsol expõe a falência do modelo privatista e recebe o repúdio dos peruanos

Apesar de todas as manipulações e mentiras contra os avanços que vêm obtendo Castillo, na avaliação de Yuri Castro, “há mobilizações constantes em respaldo ao presidente, que mantém o apoio popular”. “É mentira o que muitos meios apontam. Nesta semana mesmo houve uma grande manifestação no centro de Lima de movimentos sociais e sindicais que lhe deram respaldo”, frisou.

Questionado sobre o tom elevado deste protesto mais recente, reivindicando o fechamento do Congresso, o dirigente explicou que o ato não contou com a participação do Peru Livre, mas que compreendia a elevação de vozes. “O que acontece é que no dia anterior a presidenta do Congresso, María del Carmen Alva, tinha vindo colocar panos quentes, mas a maioria da população está muito irritada com ela e os parlamentares”, disse.

CONSTITUINTE

Em relação ao processo Constituinte, apontado como elemento chave para desatar o nó e permitir que o governo execute o seu programa desenvolvimentista de fortalecimento do Estado e de direitos dos trabalhadores, com a recuperação do patrimônio público estratégico entregue ao estrangeiro, Yuri recordou ainda “existir uma disputa em termos de vista legal”. “Para a consolidação do processo constituinte é necessária a coleta de um número de assinaturas para termos uma Assembleia Plurinacional. Nos encontramos em meio a este processo, nos mobilizando para recolher as assinaturas necessárias e, a partir de então, rumar a um processo constituinte”, frisou.

A imensa contaminação praticada pela Repsol acertou em cheio o modelo privatista, passando a haver uma afirmação de que é necessária a revisão dos contratos”

Entre outros temas em que há uma tomada de consciência crescente por parte da população, o líder descreveu o da multinacional Repsol, quando o governo peruano agiu rápido e parou as operações do terminal poluidor. “Foi alto que impactou profundamente a direita, lhes acertou em cheio, passando recibo, já que desprestigiou o próprio modelo, com uma chiadeira por todo lado. Passou a haver uma afirmação de que é necessária a imediata revisão dos contratos, sendo defendida até mesmo por aqueles que eram contrários à mudança da Constituição privatista de Fujimori, feita sob a tutela do chamado ‘Consenso de Washington’. Passaram a ser favoráveis à reforma constitucional, variando o seu discurso”, relatou.

Para o dirigente do Peru Livre, “o fato é que na sua grande maioria a população está bastante irritada com o fato de que, não só os pescadores, como toda uma cadeia de setores que têm a ver com a praia não está sendo indenizada pela Repsol”. “Há o pessoal dos restaurantes, do transporte, dos serviços, da gente que vive do turismo, todos estão literalmente a ver navios. As pessoas não estão recebendo da empresa. Isso tudo como se não bastassem os mais de 10 mil barris derramados que a multinacional ocultou durante dias, contaminando a fauna e a flora”, condenou.

COMANDO FIRME DE CERRÓN

Em relação aos embates que se aproximam, Yuri reafirmou a confiança na liderança do presidente do Partido, Vladimir Cerrón, “que deve seguir firme no apoio ao governo”. “O comando de Cerrón é temido pela direita, porque sempre demarca campo com o derrotismo, apontando o caminho da ampliação de forças para seguir em frente”, sintetizou.

“Estamos às vésperas de um processo eleitoral, municipal e regional, que irá mover totalmente o xadrez político a partir de 2 de outubro. Este é o temor da reação: que não possam tirar o presidente Pedro Castillo e, portanto, terão de ver consolidado o poder popular. As eleições consolidarão a fortaleza da esquerda e dos progressistas em todo o país, complicando a vida dos que terão de se confrontar com outros governos, além do central. Isso tornará a situação muito mais difícil para quem não quer o desenvolvimento do país, pois o governo se verá fortalecido não só pelo suporte popular como dentro dos próprios executivos, descentralizado”, enfatizou.

Neste momento, explicou Yuri, sou pré-candidato à Prefeitura de Lima, aguardando as eleições internas do Peru Livre. “Passadas as eleições, teremos definido o nome do partido e seguiremos à luta, coletivamente, em defesa do nosso projeto de poder transformador, de ruptura com o atraso de dependência e submissão”, concluiu.

LEONARDO WEXELL SEVERO

 

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *