Metade das cidades colombianas estão em estado de alerta por violência de diversos atores, de acordo com a Defensoria do Povo

A guerrilha faz chamado ao povo colombiano “para que não se deixe intimidar e defenda a democracia popular” (Foto: Brasil de Fato – Flickr)

VANESSA MARTINA SILVA/COMUNICASUL

Um dos riscos em torno das eleições da Colômbia é a alta violência existente no país, mesmo às portas da votação desde domingo (29).

Neste sentido, a guerrilha remanescente Exército de Libertação Nacional (ELN) do oriente colombiano anunciou, nesta quarta-feira (25), um cessar-fogo unilateral na guerra com o Estado.

No comunicado consta ainda um alerta para “um possível golpe de Estado motivado pelo uribismo e com o apoio dos gringos”. A guerrilha então faz um chamado ao povo colombiano “para que não se deixe intimidar e defenda a democracia popular”.

A violência no país tem atingido líderes sociais que seguem sendo alvo de massacres e assassinatos, como denunciou a ComunicaSul. De acordo com o Instituto de Desenvolvimento e Paz (Indepaz) – que desde 1984 acompanha o conflito armado -, já são 44 massacres apenas em 2022, com 78 líderes sociais assassinados.

 

RISCO ELEITORAL

No contexto nacional, de acordo com a Defensoria do Povo – órgão oficial criado pela Constituição de 1991 -, 290 municípios do país estão em risco alto e extremo de violação aos direitos da população para o processo eleitoral.

Os estados mais vulneráveis são Cauca, Nariño, Chocó, Santander e Antióquia. No total, 521 municípios têm com algum risco para a garantia democrática, isso em um universo de 1103 cidades em todo o país.

A instituição atribui esse alto risco ao suposto aumento de ações do Exército de Libertação Nacional (ELN) e do Clan do Golfo, cujo líder, apelidado de Otoniel, foi recentemente capturado e extraditado para os Estados Unidos.

“O Estado deve implementar mais mecanismos de investigação e verificação para reclamações relacionadas a crimes eleitorais e ameaças contra os candidatos ou suas campanhas”, disse o Defensor do Povo, Carlos Camargo. Além disso, também deve proporcionar proteção para que “pessoas possam votar nas áreas rurais e, acima de tudo, garantir a livre participação”, ressaltou.

 

CESSAR-FOGO

O Comandante-em-chefe do ELN, Manuel Vásquez Castaño anunciou que o cessar-fogo se inicia à meia-noite desta quarta-feira (25) e vai até o dia 3 de junho.

Porém, o comunicado evidencia que a medida não contempla as bandas mercenárias e narcoparamilitares que estão atuando no país, reservando-se o direito à defesa em caso de agressão.

Além disso, o informe ainda destaca que o narcoparamilitar Julio Acosta Bernal tornou público um chamado à militarização e à aceleração do conflito no estado de Arauca. “Este criminoso esquece que o povo não perdoa e que os crimes de lesa-humanidade cometidos por ele e seus aliados paramilitares não ficarão impunes.

Por fim, o texto diz que a população não deve circular em vias terciárias “para evitar acidentes” a partir das 18h.

 

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