Livro denuncia que massacre abriu caminho ao golpe no Paraguai

Lançamento do livro na livraria Martins Fontes da Paulista
Nesta quarta-feira, 15 de junho, completam-se quatro anos do massacre de Curuguaty, no Paraguai, onde morreram 17 pessoas – seis policiais e 11 camponeses – armação que abriu espaço à derrubada do presidente Fernando Lugo uma semana depois. O “confronto” envolveu 324 policiais, tropas de elite treinadas pela CIA e pelo exército dos EUA fortemente armadas com fuzis, bombas de gás, capacetes, escudos, cavalos e até helicóptero e 60 trabalhadores sem-terra, metade deles mulheres, crianças e anciãos.

Para não deixar a data cair no esquecimento e fortalecer a campanha pela libertação dos camponeses – os únicos que estão sentados no banco dos réus-, o jornalista Leonardo Wexell Severo, assessor da CUT Nacional e observador internacional do caso no Tribunal de Sentenças de Assunção, lançou na última quinta-feira “Curuguaty, carnificina para um golpe” (Editora Papiro, 212 páginas, R$ 25). O livro-reportagem retrata a resistência dos movimentos sociais da pátria Guarani para fazer valer os direitos dos camponeses e garantir a sua imediata absolvição.
Leonardo Severo com o cineasta Caio Plessmann de Castro

Apontando a ingerência estrangeira por trás dos trágicos acontecimentos, Leonardo Severo demonstra como o capital monopolista nacional e os cartéis transnacionais atuam em fina sintonia contra a democracia e a soberania. Mais do que denunciar o processo-farsa que mantém 11 trabalhadores privados de liberdade pelo governo de Horacio Cartes, o autor faz uma exortação à mobilização para barrar a injustiça institucionalizada.

“A publicação deste livro contribui para que possamos conhecer o drama dessas pessoas e, de alguma forma, colaborar com a campanha pela sua libertação”, declarou Renata Mielli, coordenadora do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC).
O secretário-adjunto de Relações Internacionais da CUT, Ariovaldo Camargo, sublinhou “a importância da obra, que lança luzes sobre um período histórico tão sombrio e manifesta a solidariedade brasileira ao povo paraguaio e, particularmente, aos camponeses, reforçando a luta pela verdade”.
Para o presidente da Confederação Sindical Internacional (CSI), João Antonio Felicio, “a presença de Leonardo Severo no Tribunal de Sentenças de Assunção lhe possibilitou desnudar como uma farsa jurídico-midiática serviu de combustível ao golpe contra o governo Lugo”. “É uma leitura esclarecedora, que convoca a solidariedade aos camponeses presos políticos de Horacio Cartes e à luta pela democracia”, frisou.
Entre outras lideranças, participaram do evento realizado na livraria Martins Fontes da avenida Paulista, Mariara Cruz, diretora da União Nacional dos Estudantes (UNE); Keila Pereira, diretora da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo (UMES); Danielle Penha, do Centro de Estudos de Mídia Barão de Itararé; Ana Maria Rodrigues, da Confederação das Mulheres do Brasil (CMB); Paulo Cannabrava, editor da revista Diálogos do Sul e o cineasta Caio Plessman.

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