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Órgão eleitoral irá auditar os 46% dos votos que ainda não foram auditados. “O Poder Eleitoral toma essa decisão para preservar um clima de harmonia entre venezuelanas e venezuelanos, mas também para isolar setores violentos que buscam irresponsavelmente lesionar a democracia”, diz presidenta do CNE.
Vinicius Mansur, de Caracas, Venezuela
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela anunciou que será realizada a auditoria dos 46% dos votos que ainda não foram auditados da eleição presidencial que elegeu o chavista Nicolás Maduro com vantagem de 1,8%. A presidenta do CNE, Tibisay Lucena, anunciou a decisão em cadeia nacional de rádio e TV no final da noite desta quinta-feira (18).
O candidato perdedor, Henrique Capriles, pediu a recontagem de 100% dos votos assim que o resultado foi divulgado no domingo (14). Entretanto, a presidenta do CNE enfatizou que a solicitação que lhes foi apresentada foi para se completar os 100% da auditoria. 54% da verificação já foi feita no próprio domingo, como manda a legislação eleitoral.
Diferente do Brasil, a urna eletrônica na Venezuela imprime um comprovante de voto que, após ser conferido pelo eleitor, é depositado na chamada caixa de resguardo. Seu propósito é assegurar que o voto emitido eletronicamente é realmente a opção feita pelo eleitor. Ao final da jornada, 54% dessas caixas são sorteadas e submetidas à auditoria. Prática que, em tamanha porcentagem, não é feita por nenhum outro país do mundo, segundo o CNE.
Segurança
Lucena enfatizou que sistema eleitoral venezuelano é seguro e que os resultados da eleição já emitidos são “absolutamente transparentes, exatos e refletem de forma pulcra a expressão dos eleitores”. A ampliação da auditoria atende “a uma situação evidentemente particular”, disse ela. “O Poder Eleitoral toma essa decisão para preservar um clima de harmonia entre venezuelanas e venezuelanos, mas também para isolar setores violentos que buscam irresponsavelmente lesionar a democracia”, completou.
A presidenta também esclareceu que a proclamação do candidato eleito não significou qualquer beneficiamento a Maduro, pois o tempo para se questionar os resultados eleitorais só começa a correr após este ato: “Essa é a regulação vigente desde há muitos anos na Venezuela. Qualquer especulação em torno a isso não é mais do que a elaboração própria do debate político”.
Segundo Lucena, o direito assiste tanto aqueles que votaram por Capriles, quanto aos que votaram por Maduro. “Por isso, é tão importante preservar toda a ação dentro do marco legal que rege o processo”, assinalou. A presidenta também recordou que as instâncias adequadas para os devidos reclamos foram sinalizadas por ela durante a divulgação dos resultados. “Insistimos que isso fosse apresentado de maneira formal e não pelos meios de comunicação”, criticou.
Procedimentos
A auditoria durará 30 dias e apurará, em média, 400 caixas de resguardo por dia na presença de técnicos designados pelas campanhas. A cada 10 dez dias serão entregues informes ao país. O início dos trabalhos será anunciado na próxima semana.
Lucena pediu aos diferentes meios de comunicação e porta-vozes políticos para que sejam consequentes e responsáveis com a paz nacional, evitando emitir juízos prévios ou manifestar critérios que promovam alteração dos ânimos nesse período. “Deixem que o poder eleitoral cumpra com sua função sem que haja chantagens, agressões ou ameaças a funcionários ou escritórios dessa instituição”, alertou.
Candidatos
Capriles pediu a recontagem de 100% dos votos assim que o resultado foi divulgado no domingo (14). Na terça-feira (16), minutos antes da proclamação de Maduro pelo CNE, o opositor foi a TV pedir o cancelamento do ato, prometendo mobilizar o país caso não fosse atendido. A demanda pela auditoria foi feita por ele, formalmente, na quarta-feira (17). Logo após a resposta do CNE nesta quinta (18), o candidato da oposição disse, pela TV, que aceitava a medida. Maduro já havia declarado que aceitaria qualquer decisão do órgão.