Há 11 anos, no dia 13 de abril de 2002, um levante popular resgatou o presidente Hugo Chávez, que havia sido sequestrado 47 horas antes por militares, estimulados pelos grandes meios de comunicação a serviço do governo dos Estados Unidos, inconformado com as medidas de nacionalização e resgate da soberania expressas pela Constituição de 1999 e adotadas pelo governo bolivariano.
Por Leonardo Wexell Severo e Vanessa Silva, de Caracas
“Todo 11 tem seu 13”. O ditado venezuelano expressa a confiança na superação e na vitória, como o nosso “levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima”: após o golpe no 11, a volta triunfal no 13. Ao que se acrescenta agora o 14, data deste domingo de eleições presidenciais, onde todos projetam uma nova vitória da revolução bolivariana com a eleição de Nicolás Maduro.
Mais do que uma crença, esta convicção, é um sentimento profundo, expresso nas palavras “Chávez, eu juro, meu voto é para Maduro”, que ganhou as ruas de Caracas já durante o cortejo fúnebre.
“Há 11 anos ocorreu o massacre de Laguna com mercenários de El Salvador e da América Central. Há 11 anos cometeram um massacre contra nossa gente para justificar o golpe de Estado. Assim como o 11 de abril tem seu 13, o povo venezuelano terá agora o 14 de abril, que será a data da ressurreição, fruto do povo que saiu às ruas para respaldar esta revolução iniciada pelo presidente Hugo Chávez”, disse Maduro durante o comício realizado no emblemático 11 de abril, em Caracas.
Por sua vez, a oposição neoliberal e privatista se encontra desestimulada e dividida, batendo cabeça entre reconhecer a iminente derrota eleitoral do próximo domingo ou partir para a confrontação. Esta última tendência está expressa pelo uso de paramilitares colombianos e mercenários salvadorenhos, recentemente presos pela Guarda Nacional da Venezuela com abundância de armamentos e explosivos.
Na luta política e ideológica contra a reação, os meios públicos de comunicação venezuelanos destacam em sua programação, com fartura de imagens, como a grande mídia tentou manipular a opinião pública com vistas a respaldar os criminosos. Lembram que a alegação dos golpistas em 11 de abril de 2002 para afastar o presidente democraticamente eleito, dissolver a Assembleia Nacional e o Supremo Tribunal, e rasgar a nova Carta Magna – de forma a voltar a apropriar-se do petróleo, principal riqueza do país – foi o caos que tomou conta das ruas de Caracas após suposto “choque” entre partidários e opositores do governo na ponte Laguna. O banho de sangue deixou dezenas de mortos e feridos. Conforme esclareceu o documentário “A revolução não será televisionada”, as balas partiram de franco-atiradores, contratados para criar o caldo de cultura à reação.
Com o apoio propagandístico e desinformativo dos grandes conglomerados de comunicação, o golpe de 11 de abril colocou a faixa presidencial no presidente da Federação Venezuelana de Câmaras de Comércio (Fedecâmaras), Pedro Carmona Estanga, que prontamente determinou que fossem encontrados “vivos ou mortos” os dirigentes chavistas. O cartaz do libertador e herói nacional Simón Bolívar foi retirado do salão presidencial e jogado num banheiro. Numa afronta à lei internacional, a embaixada de Cuba chegou a ser cercada com a participação do então prefeito de Baruta, Henrique Caprilles, e se instaurou um clima de perseguição e medo.
Apesar de todas as pressões e chantagens, e do apoio explícito dado pelo governo estadunidense, o golpe foi derrotado e a guarda presidencial conduziu Chávez de volta ao Palácio de Miraflores, diante de uma multidão que, exigindo o retorno do presidente, cercou o prédio em respaldo a Chávez. A partir daí, a história é conhecida e a Pátria foi construída, pelo povo venezuelano, senhor de seu destino.