Greve Geral parou 90% dos trabalhadores no país| Foto: Leonardo Wexell Severo |
Greve geral desta quarta-feira estampa massivo repúdio à política neoliberal do presidente Cartes
Jogando a toalha diante da magnitude da greve geral que paralisou o Paraguai nesta quarta-feira (26), o vice-presidente Juan Afara declarou que o governo do presidente Horacio Cartes “não é absolutamente privatista” e que “está aberto para conversar” com os movimentos sindical e social. Na prática, a inflexão verbal dos entreguistas já havia sido manifestada por Cartes no dia anterior, quando nomeou Afara para coordenar as “mesas de diálogo” – até então inexistentes – numa tentativa desesperada de quebrar a crescente adesão ao protesto contra a política neoliberal.
Por Leonardo Wexell Severo, de Assunção
Liderando um dos muitos piquetes da capital, o presidente da Central Unitária de Trabalhadores Autêntica (CUT-A), Bernardo Rojas, destacou que esta é uma quarta-feira “extraordinária e histórica”, pois o movimento social paraguaio conseguiu somar organizações camponesas, comunitárias e estudantis, furando o cerco do governo e da mídia “e fazendo chegar as suas propostas até a sociedade”. “Foi a intensidade desta pressão que obrigou o governo a sentar na mesa. Agora é o momento de aprofundar a unidade e a mobilização”, acrescentou.
Manifestantes pedem “a cabeça” de Cartes| Foto: Leonardo Wexell Severo |
APP viola democracia e soberania
Campo e cidade unidos
Reforçando a necessidade da reforma agrária e de que o governo pare de se comportar como “capataz” dos plantadores de soja e eternos latifundiários que mancham de sangue a terra guarani, cerca de 20 mil camponeses ocuparam a frente do Congresso Nacional “contra os traidores da nação” e se solidarizaram aos presos políticos de Curuguaty.
Grevistas reivindicam educação gratuita, fim das APPs, a libertação dos presos de Curuguaty, entre outras causas| Foto: Leonardo Wexell Severo |
Educação privatizada
Conforme o secretário geral da Frente Estudantil pela Educação, Arturo Carlo, o movimento cumpriu o desafio de forma exitosa, com as Universidades Nacional e a Católica de Assunção exercendo grande protagonismo na paralisação, ao lado da Universidade Nacional de Villa Rica. “Temos apenas 6% da juventude paraguaia dentro das universidades, 78% nas privadas. Das 52 universidades, somente oito são públicas. As APPs reforçam essa privatização. O Estado deixa de investir, fortalecendo alianças com o setor privado, que passa a ampliar seus lucros financiando o pagamento de mensalidades com créditos mais brandos”, sublinhou Arturo.
Estudantes aderiram à greve gera| Foto: Leonardo Wexell Severo |
Como estampava um cartaz no Festival Popular que antecedeu a greve: “com o neoliberalismo não se constrói uma Pátria, se destrói um país”.