Presidente argentino comemorou o brutal ajuste fiscal realizado às custas da sangria das áreas sociais no seu primeiro ano de governo e que está comprometido em “tirar o Estado do caminho”
O presidente da Argentina, Javier Milei, comemorou os catastróficos resultados obtidos pela sua política econômica durante seu primeiro ano de mandato, caracterizado pelo brutal déficit fiscal obtido às custas da sangria das áreas sociais.
Repetindo a cantilena de entrevistas anteriores, o ultraneoliberal afirmou que “o Estado não é a solução, o Estado é o problema”, e quase foi às lágrimas ao descrever o projeto de demolição e entrega do patrimônio público e de devastação de direitos realizado conjuntamente com o ministro da Desregulamentação e Transformação do Estado, Federico Sturzenegger.
“Sinto prazer em cortar gastos públicos, tirar o Estado do caminho. Gosto do meu trabalho, gosto de cortar gastos públicos, adoro a motosserra, gosto muito de ver os tweets do ministro Sturzenegger desregulamentando”, acrescentou.
Numa entrevista anterior ao jornalista estadunidense Bari Weiss, Milei havia propagandeado a demolição que vem sendo feita, assegurando que adora “ser a toupeira dentro do Estado”, para destruí-lo por dentro. Em novembro, o serviçal de Washington garantiu à The Economist que fará “tudo o que puder fazer para eliminar a interferência do Estado”.
SERVIÇAL DOS ESTADOS UNIDOS
Coerente com a política de desnacionalização, privatização e entrega do patrimônio público, Milei reafirmou o seu alinhamento automático com os Estados Unidos e Israel, referendando intervenções sangrentas e criminosas.
Contrariado pela postura altiva da sua chanceler Diana Mondino, após a Argentina votar na Organização das Nações Unidas (ONU) contra o embargo econômico a Cuba, Milei a demitiu sumariamente.
Paralelamente, anunciou uma auditoria no ministério das Relações Exteriores, para identificar funcionários de carreira que teriam, na avaliação da atual administração, agendas “inimigas da liberdade”.
Avançando na submissão, Milei assegurou o alinhamento ao presidente dos EUA, Donald Trump, e entusiásticos aplausos ao bilionário de extrema-direita Elon Musk durante os quatro encontros com o dono da X desde que chegou ao poder.
O governo argentino alega que sua gestão irá abandonar a neutralidade contra o que define como a “implementação da Agenda 2030”, da Organização das Nações Unidas com metas para o desenvolvimento sustentável que, segundo Milei, é um programa esquerdista que “afeta a vida, a liberdade e a propriedade das pessoas”.
Para completar, Milei pretende criar as condições para criminalizar o aborto, hoje legalizado na Argentina até a 14ª semana de gestação, ao qual é completamente contrário.
CRISTINA CONDENA SUBMISSÃO DE MILEI
Ao assumir a liderança do Partido Justicialista (Peronista) na quarta-feira (11), a ex-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, condenou o governo de “dolarização e motosserra de Javier Milei”, rechaçado por sabotar o desenvolvimento nacional e agir em defesa do capital especulativo e das transnacionais.
Cristina alertou que a dolarização em curso tem levado, “entre outras coisas, ao fechamento de fábricas”, A líder oposicionista disse que desde que Milei assumiu foram fechadas 11 mil empresas – com até 50 empregados – 400 empresas que tinham entre 50 e 500 e 47 empresas com mais de 500 trabalhadores. “Esse é o cenário, além do ajuste fiscal contra os aposentados e do arrocho salarial”, esclareceu.
O Monitor de Indicadores Sociais reforçou o alerta peronista, descrevendo que em outubro as pensões e aposentadorias ficaram 11% abaixo do ano passado, que o salário real dos trabalhadores registrados caiu 6,8% e que, em termos reais, o salário mínimo ficou 28,4% abaixo do valor de novembro de 2023.
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