“Nosso país está de joelhos. Não vou conseguir que comece a correr em um ano e meio, mas posso colocá-lo de pé e fazê-lo caminhar”, afirmou a candidata, frisando que seu chamado é “para somar todos os setores”
LEONARDO WEXELL SEVERO
A candidata do movimento Revolução Cidadã à Presidência do Equador, Luisa González, voltou a defender nesta semana a conformação de uma frente nacional que some os mais amplos setores, de indígenas a industriais: “fiz um chamado a todos para colocar a Pátria de pé”.
“Faremos novamente do Equador um país digno. O país está de joelhos. Não vou conseguir que comece a correr em um ano e meio [período da próxima gestão presidencial, até 2025], mas posso colocá-lo de pé, fazê-lo caminhar”, afirmou a candidata, que venceu o primeiro turno com 33,61% dos votos, mais de 10% sobre Daniel, filho do bilionário Álvaro Noboa.
Noboa e eu somos diferentes desde o começo, com ele falando em privatizar tudo, em reduzir o Estado. Nós queremos um Estado forte, presente, que ajude a nossa gente”
Ao contrário de Daniel Noboa, com quem disputa o segundo turno no próximo 15 de outubro, a partidária do ex-presidente Rafael Correa (2007-2017) – que se encontra exilado político na Bélgica – Luisa reiterou seu compromisso com o desenvolvimento nacional e o fortalecimento do Estado.
“Noboa e eu somos diferentes desde o começo, no seu plano de governo, com ele falando em privatizar tudo, em reduzir o Estado. Depois, começou a copiar nosso plano, enquanto o seu propõe todo o contrário. Queremos um Estado forte, presente, que ajude a nossa gente, que a proteja. Noboa fala na privatização, de subir os anos para aposentadoria no Instituto Equatoriano de Seguridade Social (IESS), de fazer com que nosso povo trabalhe mais, enquanto o que queremos é saúde e aposentadoria dignas. O que faremos, assim que assumirmos, é declarar Estado de Emergência nos setores da Seguridade Social e Força Pública”, explicou.
PROPOSTAS COMUNS COM O MOVIMENTO INDÍGENA
Neste sentido, assinalou a candidata, “as propostas da Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie) são as de Luisa González e Andrés Arauz, são as perspectivas do nosso plano de governo: garantir o acesso à saúde e à educação pública, de qualidade e gratuita; o apoio ao setor agropecuário; a cobrança do Imposto de Renda devido, entre outros temas”.
Luisa se comprometeu a fazer com que sejam investigados os abusos e crimes ocorridos pelo presidente Moreno em outubro de 2019 quando, em acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), o governo retirou o subsídio e provocou um aumento de até 120% nos combustíveis, gerando uma onda de protestos. Da mesma forma, assegurou que iria apurar a brutal repressão ao movimento indígena em junho de 2022, momento em que o presidente Guillermo Lasso decretou “Estado de exceção” e chegou a prender o presidente da Conaie, Leonidas Iza. Os pontos com a entidade indígena, declarou, “são majoritariamente coincidentes e representam, no fundo, o cumprimento da Constituição e espero que, pelo bem do país, votemos com unidade”.
“O país precisa ser governado pela consciência, pela Pátria, pela vida. Necessitamos nos recompor como país e, também, como sociedade. O Equador necessidade unidade, trabalhar em conjunto a insegurança, a fome, o desemprego, com conhecimento e experiência. É o que a Revolução Cidadã tem para levar adiante”, sustentou.
“O ESTADO DARÁ TODO APOIO PARA QUEM QUEIRA PRODUZIR”
Da mesma forma, na sua “conclamação ao setor privado”, Luisa se comprometeu a fazer todos os investimentos necessários para o desenvolvimento do mercado interno, pois “não é só importante fortalecer a indústria nacional, mas protegê-la contra os produtos que vêm de fora”. “O Estado dará todo apoio para quem queira produzir e gerar emprego com direitos”, defendeu, pois “precisamos de um Equador de paz, seguro, em que possamos levar nossos filhos aos parques e tomar um café com os vizinhos nas ruas, e não mais esse desastre que está levando nossas vidas a cada dia”.
Em defesa do Instituto Equatoriano de Seguridade Social, Luisa condenou que se silencie em relação a dívida do setor privado. “Todos devem pagar. O setor público deve cumprir um cronograma de pagamentos para fortalecer o IESS. Em primeiro lugar, gerando emprego. Este é o eixo principal, urgente. Porque quando gero emprego digno esse trabalhador contratado automaticamente tem que estar filiado ao IESS. Assim, aumento a massa de contribuintes e começo a sustentá-lo”, explicou.
Os neoliberais falam de aumentar os anos de contribuição para ter acesso à aposentadoria, sempre quiseram destroçar o Instituto Equatoriano de Seguridade Social para privatizá-lo. Nós vamos fortalecê-lo”
Ao contrário da receita neoliberal, enfatizou, “aqui não se trata de aumentar os anos de contribuição para ter acesso à aposentadoria. Sempre quiseram destroçar o IESS para privatizá-lo. Não senhores, o IESS é nosso, é dos equatorianos, o fortaleceremos aumentando os empregos, pois as pessoas necessitam trabalhar. Desta forma, vamos gerar os recursos que fazem falta para os centros de saúde, os hospitais, comprar os remédios e contratar os médicos que foram despedidos”. Para Luisa, “o pior dos mundos é vermos morrer seres amados porque não há dinheiro para a receita; o pior dos mundos é estarmos sem gente para atender e termos o pessoal da saúde sem emprego”.
“Diante disso faço uma conclamação a todos os setores para que trabalhemos em conjunto para seguirmos em frente com o apoio do Estado. O que está em jogo é um modelo para o bolso ou para a Pátria. O país necessita unidade. De ódios basta esses seis anos que só provocaram dor e tristeza”, concluiu.
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