Após garantir maioria na Câmara e no Senado, o presidente da Bolívia, Evo Morales, do Movimento Ao Socialismo (MAS), com 95,63% dos votos apurados, desponta como provável reeleito nesta segunda-feira à noite com 2.757,634 votos (46,85%) contra 2.162,237 (36,74%) do seu principal opositor, Carlos Mesa, do Comunidade Cidadã (CC). A tendência do líder indígena continuar à frente do Estado para o período 2020-2025 era considerada irreversível por estarem chegando as “urnas do campo”, amplamente majoritárias pró-Evo

Leonardo Wexell Severo

La Paz/Bolívia

 

Conforme a legislação eleitoral boliviana, para sagrar-se vencedor em primeiro turno, realizado no último domingo, o candidato precisaria fazer 50% dos votou ou mais de 40% e abrir uma vantagem de 10% sobre o segundo colocado.
No mundo, dos 341 mil eleitores espalhados pelos mais diferentes países, Evo conquistou mais de 60% contra apenas 26% de Mesa. Entre os destaques da lavada percentual contra o candidato do neoliberalismo, a Argentina e o Brasil marcaram presença e goleadas: 82 x 8 e 70 x 9. Quem conhece entreguismo, privatização, arrocho e desemprego não cai em canto de sereia nem aceita retrocesso.
Diante de uma multidão no comício final de El Alto, cidade operária vizinha a La Paz, onde venceu com mais de 55% contra 23%, o presidente anunciou que a vitória do povo boliviano nas eleições seria “a derrota do imperialismo e dos vende-pátria, a derrota do neoliberalismo, do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, da sua cartilha de privatizações”. Como projetou Evo, representou “a vitória dos que se unem, organizam e mobilizam contra a submissão ao estrangeiro, contra a pobreza e a desigualdade”. “Depois de nacionalizar, começamos a industrializar os hidrocarbonetos, o ferro e o lítio e vamos continuar com nossos programas econômicos, investindo nos programas de substituição de importações”, acrescentou.
Na última semana, o presidente apresentou provas do envolvimento da embaixada norte-americana em chantagens e subornos de comunidades para que votassem na oposição. Algo muito semelhante ao que ocorreu nos departamentos de Beni, Pando, Tarija e Santa Cruz em 2008, quando os Estados Unidos conspiraram abertamente e estimularam atos de violência da oligarquia para dividir a chamada “Meia Lua” do país. O fato levou à expulsão do embaixador estadunidense Philip Goldberg.
Profundamente comprometido com seu povo, Evo tem dito que não quer ser o melhor presidente da Bolívia, mas “o presidente da melhor Bolívia da história”. Por isso, explicou, “todos os dias iniciamos a trabalhar antes das cinco da manhã e terminamos depois da meia noite, entregando diariamente obras em três e até cinco departamentos [estados]”.
A informação da quarta eleição de Evo e de seu vice, Álvaro García Linera, que conforme os cerca de 200 observadores internacionais transcorreu “em clima de paz e tranquilidade”, foi confirmada pelo TSE em meio a uma choradeira dos vende-pátria e de sua mídia, que alegavam uma suposta “fraude”.
No desespero, um dos jornais da oligarquia chegou a destacar em título “seis mortos no dia da eleição”. O incauto que ecoasse a barbaridade sem ler as entrelinhas não veria que dois bolivianos morreram de ataques do coração e quatro em acidentes de trânsito. Manipulação grotesca.
 
*O Coletivo de Comunicação Colaborativa ComunicaSul está cobrindo as eleições na Bolívia, Argentina e Uruguai com o apoio das seguintes entidades: Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé; Hora do Povo; Diálogos do Sul; SaibaMais; 6 três comunicação; Jaya Dharma Audiovisual; Fundação Perseu; Abramo; Fundação Mauricio Grabois; CTB; CUT; Adurn-Sindicato; Apeoesp; Contee; CNTE; Sinasefe-Natal; Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região; Sindsep-SP e Sinpro MG A reprodução é livre, desde que citados os apoios e o autor.

 

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