“Explosão visa induzir a propostas de força e não de diálogo, que estão avançando no conjunto da sociedade colombiana e reduzindo espaço para a extrema-direita“, afirmou Francisco Maltés, presidente da Central Unitária de Trabalhadores. (Divulgação)
A explosão de um carro-bomba em um edifício sede de entidades populares na cidade de Saravena, em Arauca, na Colômbia, deixou pelo menos uma pessoa morta e outras nove feridas nesta quarta-feira (19). No local funcionava uma escola de Direitos Humanos, bastante criticada pelo governo do presidente Iván Duque. Os terroristas fugiram ao serem flagrados, disparando contra os que estavam no local.
“É importante frisar que este atentado terrorista, contra a sede da Central Unitária de Trabalhadores (CUT) e dos movimentos sociais, ocorreu apenas um dia após o partido do governo ter pedido a cassação da personalidade jurídica da Federação Colombiana de Trabalhadores da Educação (Fecode), e em meio a uma campanha violentíssima de ameaças e perseguições contra lideranças populares”, denunciou o presidente da Central, Francisco Maltés.
Também coordenador do Comitê Nacional de Paralisação (CNP), Maltés assinalou que são inaceitáveis tão sangrentos atropelos, cujo único objetivo é asfixiar o processo democrático e impor um regime ditatorial. Ele recordou de ter arrancado recentemente várias conquistas, como uma política de ganho real para o salário mínimo, utilizando pressão e negociação como duas faces de uma mesma moeda.
“A explosão deste carro-bomba a apenas 50 metros de um posto policial visa induzir a propostas de força e não de diálogo, que estão avançando no conjunto da sociedade e reduzindo espaço para a extrema-direita na Colômbia”, esclareceu. Objetivamente, apontou o sindicalista, “o silêncio cúmplice do presidente Iván Duque reforça a tentativa de intimidação. Daí a necessidade de uma maior vigilância internacional e da crescente solidariedade, para impedirmos a fraude eleitoral, pois as forças democráticas, de esquerda, são agora uma opção real de ser governo”, enfatizou.
DUQUE DÁ “LICENÇA PARA MATAR”
Vencedora do prêmio nacional de Jornalismo, Bibiana Camacho acredita que “a violência antissindical alentada pelo governo e o silêncio do presidente Duque são uma espécie de licença para matar”. “Toda minha solidariedade com a organização que tem lutado pelos direitos dos trabalhadores”, declarou.
A detonação ocorreu no final da noite em um setor comercial, próximo à Fundação de Direitos Humanos Joel Sierra, que somou-se ao protesto, alertando para a complexidade e gravidade do momento vivido em Arauca, departamento que faz fronteira com a Venezuela e que foi visitado por Duque para ampliar a militarização no último domingo (16).
Conforme a Fundação Passos de Direitos Humanos, “a onda explosiva destruiu completamente a sede do Instituto Colombiano Agropecuário (ICA) e comprometeu toda a estrutura do edifício sede de pelo menos cinco organizações sociais”. “A praça de alimentação, bares e residências vizinhas também foram afetados”, acrescentou.
De acordo com Francisco Maltés, eventos sangrentos e abomináveis como este tornam evidente a necessidade de uma ampla mobilização em respeito à defesa das liberdades democráticas e às recomendações da Comissão Internacional dos Direitos Humanos (CIDH) das Nações Unidas. Algo que vem sendo completamente escamoteado pelo governo.
Defendendo o nome do candidato à presidência da República pelo Pacto Histórico, no próximo dia 29 de maio, o dirigente cutista esclareceu que “tudo o que Gustavo Petro vem propondo é combater o paramilitarismo que, como podemos ver triste e cotidianamente, segue muito forte em nosso país”. “Lembramos que já são mais de 300 signatários do Acordo de Paz de 2016 assassinados, que continuam se multiplicando os massacres, as intimidações e advertências contra os membros da CUT e dos movimentos sociais sem que nenhuma medida de proteção seja tomada. É preciso pôr um ponto final nisso”, concluiu.
LEONARDO WEXELL SEVERO