Governador Kicillof abriu o II Congresso Produtivo de Buenos Aires (Diego Nasello)

Em encontro que reuniu trabalhadores, empresários e prefeitos, o governador da província de Buenos Aires, Axel Kicillof, conclamou os argentinos a se mobilizarem contra o modelo de Milei que, ao estrangular o Estado, “agride e fecha empresas”

HORA DO POVO

O governador da província [Estado] de Buenos Aires, Axel Kicillof, apresentou os dados da devastação causada pelo “argentinicídio de Milei: perda de 20% nos salários, queda de 5,1% no primeiro trimestre de seu governo, demissões em massa e cortes na saúde, educação e desenvolvimento de tecnologia.

Kicillof afirmou que o momento é de unir o setor produtivo, empresários e trabalhadores frente aos ataques movidos para barrar o modelo que “agride e fecha empresas” imposto por Milei.

DEFENDER A INDÚSTRIA NACIONAL

Diante de mais de dois mil empresários, sindicalistas, cooperativistas, estudantes universitários, cientistas e autoridades da província, Kicillof alertou para o atropelo do ajuste fiscal encaminhado pelos entreguistas neoliberais. “É um perigo que nos apresentem como paraíso um país que se dedica às atividades primárias, quando no mundo inteiro é a era do nacionalismo. É o que temos que defender, porque defender a indústria é defender o Estado, defender o Estado é defender a Nação, e para defender a Nação é preciso ser muito argentinos”, enfatizou o governador, aplaudido entusiasticamente pelos participantes do Congresso Produtivo Buenos Aires, em Mar del Plata.

Reiterando que a ideologia de Milei é “anacrônica e descabida”, sublinhou que já mostra as suas consequências. Destacou que as estatísticas dos salários formais e informais “demonstram um ataque frontal às grandes maiorias argentinas”, já que caíram mais de 20%. Como isso traz consigo a queda do consumo, das vendas e da renda de todos os produtores que vendem para a sociedade, Kicillof alertou: “Eles estão quebrando o aparato produtivo, a renda, as famílias e os lares. Atentam contra a vida, o trabalho, a indústria, a produção e a dignidade, com um modelo que ataca, prejudica e fecha empresas”.

Como assinalaram os participantes do evento, a província de Buenos Aires possui uma matriz que coloca a produção no centro e a torna o coração produtivo da Argentina. Isto representa, por exemplo, 38% da população, 36% do PIB (Produto Interno Bruto), 50% da indústria de transformação, quase 40% da produção agrícola, 40% do emprego industrial, 40% das exportações, 50% das exportações industriais, tendo localizado em seu território 25 universidades, cujas atividades respondem diretamente às demandas e necessidades da produção.

Diante destes índices, Kicillof apontou que “para a produção e o trabalho o Estado não é algo opcional”, sendo “absurda, absolutamente minoritária e quase inexistente” a ideia de que poderia haver um sistema produtivo sem Estado. E ridicularizou os que com “tanta impunidade e ignorância” falam qualquer coisa.

Esta ideia é uma opinião “tão minoritária” que “quase não é discutida e nem pode ser levada a sério”, completou, mas que na Argentina foi colocada na mesa porque Milei declarou ter vindo para destruir o Estado e age em consonância com esse objetivo.

Após ter visitado cada um dos 135 distritos de Buenos Aires pelo menos três vezes, o governador garantiu que “como província [estado] produtiva nunca vimos ninguém dizer que quer menos do Estado”. Ao contrário, explicou, quando visitamos os municípios, todos “pedem mais educação pública, mais saúde pública, melhor infraestrutura, melhores rodovias e mais segurança”. “Isso é proporcionado pelo Estado, porque o Estado e o mercado não são contraditórios, para termos mais atividade privada precisamos de um Estado que seja melhor e que alcance mais longe”, apontou Kicillof, rechaçando as demissões do Instituto Nacional de Tecnologia Industrial e manifestando seu apoio aos que perderam seus empregos.

A província que lidera, frisou, está comprometida com a produção agrícola, mas que pretende “colocar nela todo o trabalho argentino que pudermos”, para gerar matérias-primas valiosas, produzidas em território portenho, com maior valor agregado. “A indústria de Buenos Aires e seus produtores não se rendem nem baixam os braços. Eles se encontram, trocam, refletem, reconsideram e propõem”, comemorou.

Para Kicillof, o Estado, os empresários e os trabalhadores devem andar do mesmo lado, porque governar é encontrar balanço e equilíbrio”. Embora tenha esclarecido a complexidade da conjuntura atual, uma vez que “querem derreter a Argentina”, o governador sustentou ser “hora de ter clareza sobre o que queremos, valorizar o que temos e defendê-lo aconteça o que acontecer”.

APOIO ÀS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS

Ao visitar ao menos três vezes cada um dos 135 distritos (municípios) de seu Estado, Kicillof verificou que a demanda geral é por “mais educação, mais saúde pública, melhor infraestrutura, melhores rodovias e mais segurança”.

No painel dedicado às pequenas e médias empresas com a participação dos secretários Augusto Costa e Javier Rodrigues, respectivamente de Produção, Ciência e Inovação Tecnológica e de Desenvolvimento Agrário, os empresários condenaram a recente abertura do país às importações e o corte de estímulos às exportações argentinas. Também denunciaram a falta de crédito e mecanismos que compensem a disparada inflacionária.

“NÃO AO ROUBO DAS PROVÍNCIAS PELO GOVERNO FEDERAL”

Da mesma forma como anunciou recentemente que a Província ampliou a lista de medicamentos contra o câncer de alto custo, Kicillof destacou uma ideia: “Não podemos e não queremos substituir o governo nacional, porque nenhuma província pode se arrumar sozinha”. Lembrou que isso não é opcional, porque a Constituição diz que existe um regime federal na República Argentina. “O presidente e o governo nacional devem cumprir a Constituição, porque senão parece que não têm população nem territórios, e não quero me resignar nem que eles sejam afastados de suas responsabilidades. Quando nos convidam a assinar pactos, primeiro dizemos que paguem o que devem, o que trabalharam e o que roubaram de cada província”, acrescentou.

“Temos o mandato de defender a província e a sua identidade, que está inteiramente ligada à produção. Demos um exemplo de solidariedade, ninguém se salva sozinho, temos uma comunidade empresarial e um povo trabalhador solidário, que dará força e resistência na província de Buenos Aires”, concluiu, felicitou a todos por “não se renderem, não baixarem os braços, se reúnem, intercambiam, refletem, recapacitam e propõem”.

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