Mobilização na República Árabe Saarauí Democrática (Rasd) denuncia atrocidades e colonialismo do reino do Marrocos (Divulgação)

Com dois terços do seu território ocupado pelo reino do Marrocos, a “última colônia africana necessita da solidariedade internacional para garantir a paz, a verdade e a justiça”, afirmam organizadores

Com o lema “Jornalismo e Ação para a Descolonização do Saara Ocidental”, profissionais de imprensa de todo o mundo estarão reunidos em Buenos Aires, entre os dias 27 e 30 de maio, debatendo iniciativas de solidariedade para garantir a paz, a verdade e a justiça na “última colônia africana”.

A história do Saara Ocidental escancara a herança do colonialismo europeu e do apetite voraz por recursos naturais. Em 1975, somente um ano após a retirada da Espanha, a Frente Polisário proclamou a independência da República Saarauí, mas o Marrocos tomou de assalto grande parte do território, confrontando o direito internacional.

“Todos pensavam que o Saara pertencia ao Marrocos, que tinha sido roubado, sei lá o quê. Acho que a questão saarauí se tornou mais presente na mente de muitas pessoas, especialmente intelectuais, do que nunca. Os setores populares estão sendo dizimados pela ignorância, por todo o entretenimento que dessensibilizou grande parte da população”, declarou a renomada jornalista argentina Stella Calloni, que entrevistou entre outros a Fidel Castro, Yasser Arafat, Salvador Allende e Omar Torrijos.

Membro da Rede de Intelectuais e Artistas em Defesa da Humanidade, Stella Calloni elogiou o trabalho cultural que está sendo realizado para a conscientização e a mobilização coletiva para um movimento anti-colonial tão significativo. “Essa presença cultural é muito importante, a publicação de livros, fotografias e artistas visuais. As pessoas estão apenas começando a entender o que é a República Saaraui e o que significa a luta contra o Marrocos. Acho que este é um período histórico importante”, enfatizou.

De acordo com Mariano Vázquez, assessor da Central dos Trabalhadores da Argentina (CTA) e membro da coordenação do evento, a II Conferência da Federação Internacional de Jornalistas e Meios de Comunicação Solidários com a Causa da República Árabe Saarauí Democrática (Rasd) “chega em um momento em que o mundo vive cenários de profunda crise e transformação, onde são crescentes os focos de tensão e conflito causados pelo imperialismo”.

“O fato é que para agravar a situação, em vez de dar forma e tratar os acontecimentos de maneira objetiva, os cartéis de mídia se transformaram cada vez mais numa máquina de propaganda a seu serviço”, denunciou Vázquez. Na sua avaliação, “no caso da República Saarauí, é preciso romper o terrível muro de bloqueio desinformativo imposto em favor dos lobbies marroquinos”.

RECONHECIMENTO DE MAIS DE 80 PAÍSES

Apesar de contar com o reconhecimento de mais de 80 países, principalmente na África, América Latina e Ásia, a Rasd enfrenta a forte oposição do reino do Marrocos que, com o apoio das grandes potências ocidentais e empresas transnacionais, promove a exploração ilegal das riquezas naturais do Saara Ocidental. Fosfatos, pesca, energia solar e eólica são assaltados, prolongando a dependência e bloqueando o desenvolvimento autônomo da região.

Neste contexto de agressão, pilhagem e ocupação, apontam os organizadores, “a realização da Conferência é uma questão humanitária e jurídica, uma causa política influente no presente e no futuro da região do Magreb, da África e do mundo, pois se trata de uma questão de descolonização”.

Diante da relevância do tema, apontam, é preciso trabalhar para acompanhar e fortalecer a presença da voz do povo saarauí em todos os países, sensibilizar a opinião pública sobre o que está acontecendo, bem como denunciar e desacreditar a propaganda realizada pela elite do Marrocos contra a justiça desta causa.

Neste contexto, acrescentam os organizadores, é fundamental garantir o deslocamento dos jornalistas até os acampamentos, “expondo as violações marroquinas contra eles, destacando os perigos aos quais estão expostos sob ocupação e ajudando a defender sua liberdade e segurança”.

ACOMPANHE A PROGRAMAÇÃO

TERÇA-FEIRA (27/5)

Recepção dos participantes.

QUARTA-FEIRA (28/5)

Abertura do Encontro.

Palavras de saudações dos organizadores e breve introdução sobre o contexto da República Árabe Saarauí Democrática e da Causa Saarauí.

Painel de inauguração: O Saara Ocidental na Agenda Internacional.

QUINTA-FEIRA (29/5)

Painel 1 – Mulheres e a Causa Saarauí;

Painel 2 – A Diplomacia solidária com a Causa Saarauí;

Painel 3 – A Rede Global de Solidariedade e a Agenda Internacional;

Agradecimentos e palavras de encerramento.

Homenagem a jornalista Stella Calloni, renomeada escritora argentina e especialista em política internacional, além de outros reconhecimentos.

SEXTA-FEIRA (30/5)

Ato Político-cultural de Solidariedade com a República Árabe Saarauí Democrática.

A exposição fotográfica “100 vistas para um Saara livre” estará em exibição durante a semana da Conferência.

HORA DO POVO

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