Com 96,87% das urnas apuradas, líder chavista Nicolás Maduro figura com quase 9 pontos à frente de seu principal opositor, Edmundo González

 

Guilherme Ribeiro, Diálogos do Sul Global

* Atualizado em 2/08/2024 às 15h33.

Nicolás Maduro é o grande vencedor das eleições históricas deste domingo (28) e foi reeleito presidente na Venezuela. A Revolução bolivariana, iniciada em 1999 com a vitória de Hugo Chávez, terá mais seis anos – pelo menos – de continuidade. 

Segundo os dados atualizados e finais do Conselho Nacional Eleitoral do país, divulgados em 2 de agosto, o chavista obteve 51,95% dos votos, frente a 43,18% do ultraliberal Edmundo González, seu principal opositor e fantoche da verdadeira candidata, a extremista Maria Corina Machado. 96,87% das urnas foram apuradas.

A seguir, figuram Luis Eduardo Martínez, com 1,24%, e Antonio Ecarri, com 0,94% dos votos.

Quanto à quantidade total de votos de cada postulante, os números são:

Nicolás Maduro: 6.408.844
Edmundo González: 5.326.104
Luis Eduardo Martínez: 153.360
Antonio Ecarri: 116.421

12.386.669 pessoas compareceram às urnas, uma participação de 59,97%. 12.335.884 (99.59%) foram votos válidos, e 50.785 (0,41%), nulos.

A corrida eleitoral venezuelana tem sido acompanhada com atenção pela comunidade internacional. Presidentes e ex-presidentes latino-americanos deram declarações a respeito do processo e até a candidata democrata à presidência dos EUA, Kamala Harris, se pronunciou, em tom ameno. 

Por outro lado, há tensão no ar por dúvidas de como a oposição vai encarar essa derrota. Neste domingo, houve uma tentativa de invasão à embaixada da Venezuela na Argentina. A ação, alimentada por Javier Milei, teve participação da ministra da Segurança argentina, Patricia Bullrich.

Diana Mondino, chanceler Argentina, chegou a publicar números sem nenhuma comprovação para criar um clima internacional favorável ao golpismo:

“Prova de fogo” ao chavismo

Há anos o país caribenho enfrenta uma crise econômica severa, resultado sobretudo das sanções impostas pelos Estados Unidos desde 2015 pelo então governo de Barack Obama. 

Como reflexo, milhares de venezuelanos deixaram o país nos últimos anos, 192 mil em direção ao Brasil só em 2023.

Em janeiro de 2019, a democracia venezuelana foi impactada pelo levante golpista de Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente interino – com o apoio das potências imperialistas, sobretudo o governo estadunidense – na tentativa de destituir Maduro, eleito democraticamente.

A partir de janeiro deste ano, os ataques ao governo chavista se deram principalmente em razão da inabilitação de Maria Corina Machado pela Suprema Corte venezuelana.

Definido pela extrema-direita e pela mídia neoliberal como um movimento de Maduro par eliminar sua principal opositora, o impedimento de Corina se baseou crimes de corrupção, mas ações golpistas contra o Estado venezuelano também completam o currículo da ex-candidata.

Vale lembrar que todos esses episódios se desenvolvem no país com as maiores reservas de petróleo do mundo, o que torna ainda mais crucial quem governa a nação e quem determina a exploração desse recurso estratégico: o Estado venezuelano ou companhias privadas – como defende a direita.

A combinação desses e outros fatores fez da eleição deste domingo uma “prova de fogo” ao chavismo, que convocou massivamente seus apoiadores a ir às urnas chancelar, uma vez mais, a revolução socialista iniciada há 25 anos por Hugo Chávez.

Edição: Vanessa Martina-Silva

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