Chávez faz uma campanha centrada no amor à pátria, à unidade, à humanidade/ Foto: Ola Bolivariana |
Representantes da Direção Nacional do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) reuniram-se nesta sexta-feira em Caracas com delegações internacionais de partidos e movimentos sociais que se encontram na capital venezuelana para acompanhar os momentos finais da campanha eleitoral, a votação do próximo domingo e a apuração dos resultados, que estão previstos para o mesmo dia à noite.
Por José Reinaldo Carvalho, editor do Portal Vermelho, de Caracas-Venezuela
Foi uma reunião de trabalho, um evento da luta, da resistência e da solidariedade, sem protocolo, marcada por forte sentimento de fraternidade socialista e unidade anti-imperialista, em que todos os movimentos políticos e partidos presentes falaram com o coração e manifestaram pleno apoio ao povo venezuelano e seu compromisso com a reeleição do presidente Hugo Chávez. Foram ouvidos pela direção do PSUV como “amigos do processo revolucionário bolivariano”.
Rodrigo Cabezas, coordenador do Departamento Internacional do PSUV fez uma palestra destacando a conjuntura política venezuelana e seu processo eleitoral. “Estamos vivendo na Venezuela um processo de transformações, que tem no horizonte a construção do socialismo. Desde que se iniciou, a revolução criou pontos fortes para poder sustentar um projeto dessa natureza e enfrentar gravíssimas, permanentes e reiteradas ameaças, principalmente as campanhas que são orquestradas no campo internacional a partir do Departamento de Estado dos Estados Unidos e das oligarquias proprietárias dos meios de comunicação da grande maioria dos países da América Latina, dos Estados Unidos e da Europa”, disse o dirigente, que advertiu para o fato de que essas forças se mancomunaram para tentar “desprestigiar e isolar a revolução bolivariana”.
A julgar pela participação maciça do povo na campanha eleitoral, pela mobilização da militância do Grande Polo Patriótico, pelas pesquisas de intenção de voto que dão vantagem a Chávez e pela avalanche vermelha da última semana, com a mobilização de milhões pessoas nas passeatas e comícios, esses esforços da direita e do imperialismo malograram.
Unidade popular
De acordo com a deputada do PSUV, Blanca Eckhout, segunda vice-presidenta da Assembleia Nacional e coordenadora nacional do Grande Polo Patriótico, a força da revolução bolivariana encontra-se na unidade desta organização frentista. O Grande Polo Patriótico é constituído pelo Partido Socialista Unido da Venezuela, (PSUV) o Partido Comunista (PCV), Pátria Para Todos, Podemos, Unidade pela Venezuela, Redes, MEP, Tupamaros, IPC, entre outros, e por uma miríade de organizações populares e sindicais. “São representações de 28 setores, um total de oito mil movimentos e 34 mil organizações, que atenderam ao chamado do comandante Hugo Chávez”, diz Blanca. Ela se refere ao apelo – “Todos os que queiram Pátria, venham comigo” – que acabou transformando-se em um dos principais motes da campanha eleitoral.
Por isso, tanto o coordenador do Departamento Internacional do PSUV como a coordenadora nacional do Grande Polo Patriótico afirmam que em 7 de outubro tem lugar na Venezuela não só um evento eleitoral, mas uma “prova histórica, em que se joga a ratificação de um processo de transformações revolucionárias, o futuro da luta pelo socialismo no país e na América Latina”.
Solidariedade internacional
Rodrigo Cabezas atribui grande valor à solidariedade internacional, avaliando que a direita e o imperialismo não conseguiram isolar a revolução bolivariana, porque o governo e os partidos que o apoiam têm feito uma forte campanha pela integração da América Latina e porque a Venezuela tem sido depositária de uma grande solidariedade de partidos amigos e aliados.
O dirigente do PSUV enfatizou que as palavras de Lula durante o Foro de São Paulo realizado na Venezuela em julho último estavam impregnadas desse sentido solidário. Na ocasião, o ex-presidente brasileiro disse que a vitória de Chávez era a sua própria vitória. O coordenador do Departamento Internacional do PSUV lembra que a solidariedade à Venezuela é ampla e se estende desde a América do Norte até a Patagônia.
Por isso, agradeceu pela realização das “importantes jornadas que têm sido feitas de solidariedade com nossa revolução, manifestos, cartas e pronunciamentos, citando entre estes o manifesto da Rede dos Intelectuais e Artistas em Defesa da Humanidade.
Cabezas destaca que o PSUV e o governo de Chávez têm também uma posição solidária com os povos e países irmãos. “Apoiamos todos os lutadores da América Latina. O dirigente citou todos os países e governos que resistem ao imperialismo, entre eles o “Brasil, liderado por Lula e Dilma”.
Contra intentonas golpistas
Sobre a eleição de domingo, mostrou-se confiante: “Temos a convicção de que o povo dará outra vitória a Chávez, pois está instalado na consciência do povo que a eleição é a ratificação de um processo de mudanças. Temos conseguido ser não só uma máquina eleitoral mas um sujeito político ligado ao povo e construir um partido muito forte nos setores populares com imensa capacidade de mobilização”, ressaltou, para introduzir um tema delicado: o que fazer diante das intentonas desestabilizadoras do inimigo.
Hoje, disse Cabezas, “nosso povo tem maior capacidade de resposta às intentonas golpistas graças à existência e a ação do PSUV”. Para ele, existe uma possibilidade de que a direita não reconheça os resultados e declare a existência de fraude eleitoral. O dirigente explica que a direita venezuelana é um “amálgama de interesses de grandes e pequenos grupos, de oligarcas ligados ao imperialismo, o qual, por sua vez, quer para a Venezuela um governo títere pela importância das reservas petrolíferas comprovadas do país, suficientes para no mínimo duzentos anos”
Com transparência, Cabezas afirma que “a vontade popular será contundente, nos dará uma maioria indiscutível, mais que a maioria absoluta dos votos”.
Esta força popular, informa Cabezas, a incontestável maioria que obteremos e a militância estão instruídas a tomar as ruas e as áreas estratégicas próximas das instalações militares caso haja intentonas de questionar os resultados eleitorais ou qualquer movimentação golpista. “Também as Forças Armadas Bolivarianas estão preparadas para sufocar qualquer intentona golpista”, assevera.
Importância mundial
O dirigente do PSUV opina que, sem menosprezar outros processos políticos e eleitorais em curso, inclusive o dos Estados Unidos, as eleições venezuelanas “são as mais importantes neste momento”. Mais de oito mil jornalistas encontram-se acreditados no país, a maioria deles com vontade de publicar a manchete “Chávez perdeu”. Mas Cabezas não lamenta a sua presença. “Ao contrário, é ótimo que estejam aqui para que testemunhem o que acontecerá no domingo.
Ele valoriza o “acompanhamento eleitoral” dos partidos políticos, movimentos sociais e instituições multilaterais, como o Parlamento Europeu e a Unasul. Este acompanhamento, que atestará a lisura dos procedimentos eleitorais, ajuda a legitimar o processo, lembrando que o ex-presidente dos Estados Unidos, Jimmy Carter, declarou nas últimas semanas que a Venezuela tem “o melhor sistema eleitoral do mundo não há possibilidade de fraude”.
Rodrigo Cabezas finalizou sua exposição assegurando que a vitória de Chávez “reafirma um processo de mudanças radical que nos coloca novas tarefas para os próximos seis anos – que combata a pobreza, assegure o pleno emprego, dê um salto no desenvolvimento nacional e social, ao mesmo tempo que fortaleça os movimentos populares, progressistas, revolucionários e de esquerda na América Latina e crie condições para que a esquerda continue governando em toda a região”.