ASGDR destaca avanços e desafios de sua pauta dentro da Revolução Bolivariana e aposta em Nicolás Maduro para ativar os três “Rs”: revisão, retificação e ‘reimpulso’ do legado deixado por Hugo Chávez. Maduro enfrentará o opositor Capriles Radonski no dia 14 de abril.

Vinicius Mansur, de Caracas
Caracas – A organização Aliança Sexo-Gênero Diversa Revolucionária (ASGDR) convocou uma coletiva de imprensa nesta segunda-feira (25) para anunciar seu apoio à campanha do candidato chavista na eleição presidencial venezuelana, Nicolás Maduro. O pleito ocorre em 14 de abril.

Em comunicado oficial, o coletivo diz apoiar Maduro porque o tema da diversidade de sexo e gênero está incluída dentro de seu o projeto de governo, o Plano da Pátria, nos objetivos 2.3.1, 2.3.4.3 e 5.3.3.2, ao contrário, do plano do candidato opositor Capriles Radonski, no qual a palavra “diversidade” só aparece três vezes, referindo-se a diversidade econômica e territorial.

O representante da ASGDR, Simon Urtado, também enfatizou que o apoio não se dá somente por um candidato “que nos ofereça a nossa pauta, mas por todo um projeto” e que “a diversidade sexual é parte do socialismo”. O comunicado da ASGDR afirma que “antes de sermos ‘maricon@s’ somos gente pobre, explorada e espoliada por nossa classe social” e que “a paz que precisamos para exercer nossa diversidade só é possível com um governo anti-imperialista”.

Nas últimas semanas, a oposição criticou Maduro por dar declarações insinuando que Capriles era homossexual. O candidato chavista rebateu e disse que suas declarações estão sendo manipuladas para transformá-lo em homofóbico. A ASGDR acusou jornais privados de utilizarem, no dia 15 de março, fotos de antigas de concentrações do movimento para forjar protestos contra Maduro.

Urtado chamou Capriles de cínico por tentar se apropriar das bandeiras LGBTT. “Indiferentemente das preferências sexuais do candidato opositor, que não é um tema relevante, ele nem em suas campanhas para ser prefeito de Baruta, governador de Miranda, nem nas derrotas presidenciais, fez qualquer proposta para combater a homofobia”, disse, agregando que, apesar da dívida com as pessoas não-heterossexuais existente na Venezuela, “durante os 14 anos de revolução se aprovaram mais leis e se deram mais avanços de reconhecimento da diversidade sexual e de gênero que em toda história” do país.

Maria Gabriela Blanco, também integrante da ASGDR, destacou que durante o governo Chávez o combate à discriminação por orientação sexual e identidade de gênero formaram parte da Lei do Poder Popular, da Lei do Trabalho, da Lei do Arrendamento e do Código Civil, que em seu artigo 146 permite a troca de nome por uma vez aos transgêneros e transexuais. Entretanto, ela destacou que a posição da organização é um chamado a Maduro a ativar os três “Rs”: revisão, retificação e ‘reimpulso’ do legado deixado por Hugo Chávez. “Não é só importante o apoio das leis, mas a conscientização. A lei permite a mudança de nome, mas o os funcionários às vezes não deixam os transexuais fazerem a mudança”, criticou.

Segundo Blanco, a Revolução Bolivariana permitiu que a pauta LGBTT deixasse de ser um tabu em diversos movimentos sociais, a partir de inúmeros espaços de formação, e também nos meios de comunicação. “Tivemos um programa de televisão aonde se falava sem problemas em horário matutino sobre a diversidade sexual, feminismo, o tema da mulher e seu corpo, na Ávila TV [integrante do Sistema Nacional de Meios Públicos]. Agora temos na Rádio Nacional da Venezuela um programa que chama “Diversos, não perversos” e conta com 2 horas, as vezes 3, a nível nacional”, relatou.

Apesar da ASGDR não descartar a importância das mudanças legais, como a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo para a conquista de outros direitos civis, Blanco disse que o principal desafio é a mudança de consciência: “Queremos mudar o sistema educativo. O matrimonio é importante, para nós é muito mais importante a transformação educativa, porque ainda há muita discriminação.” 


Fotos: Vinicius Mansur

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