Foto: Prensa Miraflores |
Nicolás Maduro é empossado presidente da Venezuela e convoca a “uma revolução dentro da revolução”. O chavista foi juramentado pela Assembleia Nacional na presença de 61 delegações internacionais, entre elas a do Brasil, liderada por Dilma Rousseff. Durante seu discurso, Maduro foi surpreendido por uma invasão.
Vinicius Mansur, de Caracas, Venezuela
O chavista Nicolás Maduro foi empossado presidente da Venezuela pela Assembleia Nacional nesta sexta-feira (19), em Caracas, dia em que o país completa 203 anos de independência do império espanhol. Maduro fez um chamado de paz ao país e prometeu uma “revolução dentro da revolução”. O juramento foi conduzido pelo presidente do poder legislativo, Disodado Cabello, e a posse foi ratificada também pelas autoridades máximas dos poderes Judiciário, Eleitoral e Moral, Adelina González.
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“Juro pelo povo da Venezuela e pela memoria eterna do Comandante Supremo que cumprirei e farei cumprir esta Constituição e as leis da República em todo o inerente ao cargo de presidente da República Bolivariana de Venezuela para construir una pátria de felicidade, independente e socialista para todos e todas. Eu juro!”, disse Maduro, antes de receber a faixa presidencial das mãos de Cabello e de Maria Gabriela Chávez, filha do presidente anterior, Hugo Chávez.
O novo presidente começou seu discurso, que durou quase duas horas, convocando o país a construção de uma “pátria de paz, de amor, inclusiva, de todos os venezuelanos”, em clara alusão a violência vivida pela Venezuela na semana seguinte ao anúncio do apertadoresultado eleitoral.
Em seguida, Maduro foi interrompido pela invasão de um homem que tomou o microfone e pronunciou poucas palavras antes de ser agarrado pela segurança. O homem trajava uma jaqueta vermelha do partido do presidente, PSUV. A transmissão do ato foi cortada, mas reestabelecida em menos de um minuto, com Maduro chamando a atenção da segurança. “Falhou a segurança. Podiam ter me dado um tiro aqui”, esbravejou.
Reestabelecida a normalidade, o novo presidente fez uma longa recuperação da história de Hugo Chávez, desde sua infância até seus últimos dias de vida, passando pelos principais momentos da vida política do “Comandante Supremo”. Maduro ressaltou que seu governo impulsionará a criação de um centro para estudo e difusão do pensamento de Chávez.
Apoio internacional
Diante de 61 delegações de governos de todo mundo, entre elas a brasileira, liderada pela presidenta Dilma Rousseff, o chavista leu a declaração da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), emitida na noite anterior, que respalda a sua eleição, insta a paz no país e comunica a constituição de uma comissão da entidade para acompanhar as investigações das ações violentas que deixaram 8 mortos e mais de 60 feridos após a eleição.
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Maduro fez um resgate do que chamou de “campanha bipolar” feita pela oposição durante o processo eleitoral, culpando-os por inocular raiva na população. “Por um lado se disfarçaram de Chávez para enganar. Mas, por outro lado iam pela campanha da intolerância”, criticou. Ele rendeu homenagens aos oito mortos pela intolerância política e disse que será o presidente de todos, mesmo dos que votaram contra. Mas, alertou que a oposição não irá o reconhecer, mesmo com a auditoria que completará a averiguação de 100% dos votos, conforme seus adversários solicitaram.
“Saia o que saia, eles não vão me reconhecer. Seu plano é outro”, advertiu.
Futuro
Quanto o futuro de seu governo e do processo político bolivariano, Nicolás Maduro mostrou-se disposto a fortes mudança. “Quero fazer uma revolução dentro da revolução”, anunciou. Ele agradeceu a todos os vice-presidentes e ministros por seu trabalho e pela carta que entraram, todos, colocando seu cargo a disposição para facilitar qualquer mudança.
Para que o país “se dinamize, se democratize ainda mais, construíamos uma paz estável, com mais igualdade”, Maduro apontou que a primeira prioridade é o combate à ineficiência estatal, ao burocratismo e à corrupção. “A corrupção onde está? Que se camufla, que põe a boina vermelha. Há que se combater de maneira dura isso, camaradas”, disse.
De acordo com Maduro, a “revolução da eficiência socialista” impulsionará micro-missões, um corpo oficial secreto de investigação anticorrupção e o Governo de Rua, para escutar as demandas do povo.
Outra frente importante será a insegurança, tida como principal problema por 80% dos venezuelanos, segundo o presidente. Nos planos estão um “movimento de paz e de vida”, que trabalhará pelo desarmamento e pelo combate aos valores de “culto às armas, à violência e à liderança negativa”, disse. Por outro lado, ele enfatizou a necessidade de maior presença da justiça e polícia.
Maduro ainda destacou que promoverá mudanças no sistema elétrico nacional – especialmente na sua defesa -, que seu objetivo até 2019, quando termina seu mandato, é alcançar a “pobreza e miséria zero” e que seu governo também quer ampliar as parcerias com todas as forças produtivas para aumentar o investimento no país.
Por fim, se despediu reverenciando Hugo Chávez e chamando novamente a paz no país. “Espero levar com dignidade os valores da pátria e fazer realidade os sonhos de Hugo Chávez Frias, que são os sonhos de uma pátria grande, segura, em paz, do povo venezuelano. Muito obrigado, queridos compatriotas. Assumo essa presidência com coragem, com amor e com desejo de paz”, concluiu.