Aleida Guevara, Garcia Linera, Evo Morales e Ramiro Valdes (Cuba)

 


Presidente Evo Morales coordenou, em Vallegrande, as comemoracões em homenagem aos 50 anos da queda em combate do guerrilheiro heroico. Evento mobilizou milhares de militantes de movimentos sociais, partidos progressistas e revolucionários, autoridades, músicos e intelectuais de mais de 30 países.
Leonardo Severo, de Vallegrande-Bolívia 
“O comandante Ernesto Che Guevara vive na luta contra o império, no nosso compromisso de defesa dos povos, da vida e da Humanidade. Esta é uma festa para recordar a sua acão heroica, este meio século em que aquele exemplo de homem novo passou para a eternidade”, afirmou o presidente boliviano Evo Morales, diante de uma multidão que tomou a pista central do aeroporto de Vallegrande para homenagear o comandante cubano-argentino.
Ao lado de autoridades como o vice-presidente de Cuba, Ramiro Valdez; do guerrilheiro cubano Pombo – que combateu na Bolívia ao lado do Che; de Aleida Guevara, sua filha, de cantores como o uruguaio Daniel Viglieti, e de lideranças de movimentos sociais, partidos revolucionários e progressistas, representantes governamentais, autoridades, músicos e intelectuais de mais de 30 países, o povo boliviano cantou, dançou, debateu e festejou suas conquistas, tendo como sede a simbólica cidade.
Nos arredores de Vallegrande, cercado por mais de cinco mil soldados, o grupo conformado por 17 guerrilheiros foi emboscado na Quebrada del Yuro. Dali, ferido, Che é levado até La Higuera, onde é assassinado cobardemente, à queima roupa, por ordens da CIA. Lembrando a sua coragem e identidade com a construção da Pátria Grande, a população vallegrandina cultua todos os lugares por onde passou o comandante, mesmo a lavanderia onde seu corpo foi exposto, hoje local de peregrinação.
Festividades relembraram em Vallegrande o imenso amor de Ernesto Che Guevara pela Humanidade.
No hospital onde fica a “Lavanderia do Che”, médicos cubanos prestam serviços públicos e gratuitos de qualidade à população. Algo inimaginável até 11 anos atrás, quando começou o processo de transformações do “mandar obedecendo” do governo de Evo Morales.
Durante os dias do “Encontro Mundial 50 anos do Che na Bolívia”, a cidade também sediou uma “Feira da Saúde”, que ampliou a acessibilidade com um mutirão de 60 especialistas de 26 especialidades médicas. Como recordou o cubano Ariel Rodríguez Prado, sintonizados com ideal de entrega e desprendimento do Che, hoje Cuba mantém no país mais de 730 médicos e profissionais da saúde, presentes nos locais mais remotos. Mesmo no pequeno povoado de La Higuera, a bandeira cubana tremula ao lado da boliviana, com o centro médico atendendo camponeses que jamais haviam visto um “doutor”.
“A melhor maneira de homenagearmos o Che é seguindo sua luta anti-imperialista”, declarou Evo, frisando a necessidade de construímos um mundo “sem invasores nem invadidos, sem bases militares e onde os recursos esterilizados em armas nucleares e químicas sirvam para derrotar a exclusão e a pobreza”. Enfatizando a   necessidade de construir um novo sistema financeiro, “oposto a este em que mandam os bancos e em que as instituições dos países centrais existem para violar a soberania nacional dos demais”.
Comunidades indígenas: com Che e com Evo
A construção da democracia participativa, assinalou o presidente boliviano, é a essência do “mandar, obedecendo, com ações políticas que protejam a vida dos mais vulneráveis”. Da mesma forma, ressaltou, “é preciso erradicar o colonialismo e o neocolonialismo cultural e tecnológico, com a usurpação de saberes”.
A luta pela liberdade de imprensa, disse Evo, é um ponto chave para garantir o direito à informação, “pois muitas das mentiras dos grandes conglomerados de comunicação apenas servem para justificar invasões, debilitar governos anti-imperialistas e criminalizar movimentos sociais”. A construção de uma “nova ordem mundial baseada na solidariedade e não na exploração por alguns poucos bancos e transnacionais”, apontou o líder boliviano, está na ordem do   dia, com “o combate aos desmandos do FMI”, da mesma forma que ao racismo, ao preconceito e à xenofobia.
UNIDADE
Para que estes pontos sejam incorporados em nossas agendas, declarou Evo, é necessária a unidade e a mobilização do conjunto das forças sociais, que devem se somar para garantir as Malvinas para a Argentina, o reconhecimento do estado palestino, a paz na Síria, a devolução de Guantánamo para Cuba e o Mar para Bolívia.
“Che nos deixou sua ideologia, seus princípios, seu exemplo. Contra o intervencionismo, Che afirmou o internacionalismo. E é este sentimento que vemos aqui presente e que se espraia pelo mundo, pela liberdade dos povos”, concluiu.

 

Na avaliação do líder boliviano, da mesma forma que os colonizadores tentaram de todas as formas asfixiar e calar as guerrilhas independendistas de Tupac Amaru, Tupac Katari, Juana Azurduy, Bolívar, Hidalgo, Sucre, San Martín e Artigas, de nada adiantou o imperialismo e o neocolonialismo tentarem abafar a rebelião dos povos que se levantaram e se levantam pela sua soberania e independência. “Foi conhecendo nosso continente, ferido pelo saque, que o Che encontrou sua causa: a luta pela liberdade dos nossos povos”, enfatizou, sob aplausos.

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