Para ser publicada, a carta dos camponeses foi bancada pela solidariedade
Camponeses estão condenados a até 35 anos de prisão por um crime que não cometeram



Uma carta dos camponeses presos políticos de Curuguaty em defesa da sua libertação foi entregue à Corte Suprema de Justiça do Paraguai, em Assunção, por familiares e integrantes do movimento de solidariedade. Condenados a até 35 anos de prisão, Rubén Villalba, Luis Olmedo, Néstor Castro e Arnaldo Quintana, encontram-se na penitenciária de Tacumbú, de onde escreveram o comunicado.

 
“Nos dirigimos a vocês com o objetivo de expressar-lhes nosso sentimento desde este lugar ao que nos trouxe nossos desejos de um pedaço de terra para cultivar e sustentar-nos como pequenos produtores rurais sem-terra. O massacre que o Estado paraguaio provocou no dia 15 de junho de 2012 é uma injustiça que, há mais de cinco anos de estar privados de liberdade, não matou nosso desejo de alcançar um pedaço de terra para alimentar a nossa família”, afirmam os camponeses.

 
SOFRIMENTO – “Queremos dizer-lhes que sofremos na própria carne as inumeráveis irregularidades do processo, porém para nós, as mais graves foram a perda das filmagens do helicóptero e a não apresentação das radiografias dos falecidos. Através desta carta queremos fazer uma petição para que se repare o grave dano gerado por estas irregularidades”, acrescenta o comunicado. As filmagens das duas câmeras do helicóptero das forças de segurança sumiram e deixaram de ser feitas as radiografias que comprovariam o assassinato dos 11 camponeses e seis policiais por armas de grosso calibre, o que inocentaria os sem-terra.
Diante do festival de irregularidades, os camponeses exortam os magistrados a buscarem “com objetividade a verdade sobre o ocorrido” e reiteram que “somente trabalhando com justiça chegaremos à verdade e seremos livres”.
Apesar da relevância do tema, a matéria só saiu publicada como matéria paga.
 
Escola Zacarias Antonio da Silva, em Cotia, na Grande São Paulo, debate Curuguaty
Cotia manifesta solidariedade
Estudantes e professores da Escola Zacarias Antonio da Silva, em Cotia, na grande São Paulo, realizaram uma noite de debates e solidariedade na última sexta-feira em apoio aos presos políticos paraguaios.
Professora Lucimara destaca papel do voluntariado
Na oportunidade, foi apresentado o documentário “Desconstruindo Curuguaty”, do Serviço de Paz e Justiça do Paraguai (Serpaj) e lançado o livro “Curuguaty, carnificina para um golpe”, de Leonardo Wexell Severo, redator-especial do HP e observador internacional do caso.
O livro denuncia a participação de franco-atiradores que, “com a digital dos Estados Unidos”, provocaram o conflito entre 324 policiais e menos de 60 camponeses, entre os quais idosos, mulheres e crianças. “Explorando politicamente o rio de sangue, a mídia e setores do legislativo e do judiciário provocaram a queda do presidente Fernando Lugo uma semana depois”, denuncia Severo.

 

De acordo com a professora Lucimara Batista, uma das responsáveis pelo evento, é fundamental a iniciativa voluntária de profissionais que se dispõem a levar a reflexão e elevar a capacidade crítica dos estudantes sobre temas tão relevantes.

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